Capitalismo Amarelo oferece uma visão crítica da dinâmica político-econômica da República Popular da China. Estimulado pelo estudo das relações internacionais do Oriente, o livro relembra a raramente citada contribuição do maoísmo no país, que caminhando para ser a primeira potência mundial sabe o quanto e onde investir. Começando pelas portas de Macau onde a lusofonia dialoga com as tradições asiáticas, o autor entra no estudo da Força Amarga, 苦力, isto é, do cule. Iniciada no século XVIII, a contribuição do “escravo amarelo” na formação das Américas perdura até inícios do século XX. Pelos caminhos do mundo onde outros mundos se encontram, animada pela teoria da acoplagem, a análise penetra nos vazios da cooperação Sul mais Sul. Ao questionar as parcerias estratégicas, os capítulos examinam as políticas do mercado importador de commodities e exportador de produtos com valor agregado. Até o final de 2012, apenas meia centena de empresas rasileiras possuíam investimentos na China. O livro elenca certezas e incertezas da diplomacia econômica mostrando a urgência do trabalho conjunto, da cooperação mútua e da necessidade de harmonia. Explica como a demanda por grãos, minério e petróleo, no espírito da antiga divisão internacional do trabalho, cria obstáculos a desfavor do cumprimento de obrigações socioambientais. Após revelar dimensões da ordem que leva os países emergentes a se entender com o Império do Meio, o autor aponta as ciladas das desigualdades nas relações de troca. Somando legados pretéritos e presentes do povo guardião de vários milênios de história contínua, a análise mergulha o leitor na questão tibetana. Ao registrar os receios de Pequim diante da expansão do islamismo na China, O Capitalismo Amarelo explica o pragmatismo das paradiplomacias. Manifestando preocupação para com a lentidão na solução das controvérsias e das desigualdades, o autor ressalta o valor que o Partido Comunista dá à política da cooperação internacional, apesar dos desequilíbrios estruturais nas relações de troca da periferia com o maior polo produtor e exportador de mercadorias. Numa anatomia das assimetrias dos ercados, a análise esclarece como o acoplamento estratégico com a China, a um só tempo calça, veste e desemprega o pobre.
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