Folhas ao Vento

No seio de uma sociedade inquestionavelmente injusta, marcada por diferenças sociais abismais e afetada por uma sucessão ininterrupta e imprevisível de drásticas mudanças conjunturais, a perpétua incerteza, a indefinição de objetivos e a perda dos valores mais nobres geram inevitavelmente conflitos, que a nível social se materializam pelo desvirtuamento dos rumos políticos e pela resignação coletiva travestida de esperança imprecisa, e no plano individual, ora pela resignação doentia, ora por atitudes de dinâmico idealismo e ora pela perplexidade ante um mundo de compreensão problemática, o que inevitavelmente gera sentimentos de angústia existencial causadores de infelicidade profunda, que por vezes conduzem a atitudes extremadas.

O romance enfoca dois ambientes sociais radicalmente distintos, quais sejam o da camada social mais desfavorecida e o formado por aqueles que atingiram níveis de bem-estar razoáveis, destacando os sentimentos de alguns dos seus integrantes, que vão desde a revolta mais ou menos impregnada de resignação, até a angústia íntima resultante da incapacidade de adaptação a tão complexo universo, passando pelo idealismo direcionado a encontrar um caminho de redenção pela via do esclarecimento dos mais humildes, de acordo com uma visão racionalmente socialista do estado e de uma adequação consciente dos procedimentos democráticos, que permita quando menos alimentar a esperança de poder viver um dia não distante em uma sociedade menos estratificada e mais justa.