A partir das obras de Friedrich Nietzsche e Michel Foucault, a presente obra empreende uma genealogia da formação do homem do ressentimento e do espírito de vingança, cuja atualidade pode ser identificada no funcionamento dos sistemas estatais de justiça e em todos os aparelhos e produções subjetivas que a eles se ligam e neles se apoiam, e que não cessam de produzir e promover a proliferação dos clamores justiceiros, a sede de punição e o ódio às diferenças.
O estudo começa pela análise da genealogia nietzscheana da moral e da justiça e segue abordando a criação da noção de sujeito de direito, salientando o histórico da produção de sujeitos, a emergência das práticas psi, o nascimento das noções de dever e direito, a invenção do conceito de livre-arbítrio, as características do tipo nietzscheano do sacerdote, sua associação com o florescimento do ressentimento, e, ainda, como certas práticas de vingança surgem mascaradas de justiça. Posteriormente, o foco recai nas práticas punitivas e na produção do escândalo com a chamada impunidade, colocando em relevo o enredamento das pessoas nos processos jurídicos.
Finalmente, a análise se encerra com a possibilidade de criação de práticas de resistência e com a proposta de se pensar uma nova ideia de justiça, contra julgamentos moralizadores e convicções cristalizadas. Um querer justiça que tem a coragem da verdade, porque acompanha a multiplicidade do real, a efetividade em devir, a totalidade da existência; desejando-a e afirmando-a trágica e alegremente.
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