O trabalho realiza uma releitura da obra Os Sertões através de uma perspectiva que tem como pano de fundo a formação das identidades nacionais. O livro de Euclides da Cunha é entendido como uma resposta peculiar à questão sobre quem é o brasileiro, que ultrapassa os limites entre História, Sociologia, Jornalismo, Antropologia e Literatura. Utilizando os conceitos de identidade, memória e tempo, este trabalho mostra que as dualidades tradição/modernidade e objetividade/subjetividade não estão dissociadas na construção do discurso acerca da nacionalidade brasileira. A compreensão de Euclides da Cunha do sertanejo, em particular, e da nacionalidade brasileira, em geral, sofreu alterações na medida em que o autor aproximava-se do sertão. No decorrer da viagem a Canudos, gradativamente, a experiência vivenciada derruba-lhe as certezas iniciais sobre o sertanejo, e é, paradoxalmente, a base de uma admiração inconfessa pelo jagunço. A pesquisa evidencia a perspectiva de Euclides da Cunha como expressão da tensão da inadaptação da racionalidade moderna ao sertão e, através dela, amplia o escopo de análise, focalizando a construção de discursos sobre a memória coletiva e sua relação com as identidades nacionais para recolocar a questão sobre quem é o brasileiro.
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