Em Para uma Moral sem Dogmas José Ingenieros faz um exame aprofundado do que chama opinião ne varietur – que não permite o exame e a crítica individuais, nem a perfectibilidade através da própria experiência humana –, presente nos dogmas revelados (da igreja) e nos dogmas racionais (da filosofia tradicional), para em seguida, tendo como perspectiva uma ética para o futuro, concebida como verdadeira ciência, fazer minucioso escrutínio da filosofia moral norte-americana, que tem entre seus principais representantes Emerson. É no pensamento deste filósofo que Ingenieros descobre a moral prática, arrimada em valores éticos, que deram estofo à sociedade estadunidense.
As observações aqui encontradas permitem que se compreenda as origens da cultura norte-americana, inegavelmente estruturada sobre o pragmatismo e a pretensão de auto-organização e progresso material, o que confere atualidade ao livro (por isso, um clássico).
Sua linguagem simples e direta, como o próprio Ingenieros dizia preferir, para além das notas introduzidas pelo tradutor, tornam a leitura fluída, não exigindo do leitor aturada formação filosófica.
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