Príncipe, O

Durante quinhentos anos e com espantosa unanimidade, o nome de Maquiavel tem sido sinônimo de astúcia,má-fé, crueldade fria e calculada, abuso de poder. O autor de O Príncipe foi, na verdade, um ardente patriota, que gemia sobre a decadência da Itália e que queria tornar a colocá-la na classe das nações soberanas, evitando o divisionismo existente em sua época de vida. Para esse fim, imaginou um poderoso despotismo, na acepção original da palavra, monárquico ou não, porém bastante forte para dominar todas as tiranias locais e expulsar os estrangeiros. Para bem argumentar as suas teorias, Maquiavel buscou modelos históricos já clássicos, extraiu exemplos em personagens menores, contudo não menos elucidativos, produziu uma ampla e minuciosa análise do poder através da História, que vem fascinando e impressionando até os nossos dias, leitores e estudiosos de todos os níveis de cultura e profissões as mais diversificadas. Apesar disso, em muitos momentos históricos, a obra de Maquiavel – sempre polêmica – sofreu a repulsa de intelectuais, de religiosos e a franca aceitação de políticos e pensadores opostos em seus princípios. Exemplos disso foram a colocação de O Príncipe no índex, pelo Papa Paulo IV, ato confirmado pelo Concílio de Trento (1545/1563), em razão de Maquiavel romper com a dialética religiosa medieval, sendo em idéias precursor, isto sim, da separação entre a Igreja e o Estado; Jean-Jacques Rousseau considerava Maquiavel como profundamente ,convencido das virtudes da república, sendo portanto, um republicano convicto! Teria ele confundido a noção de república de sua época, com a Res Publica – o Estado, qualquer que seja o seu regime político? Na verdade as suas doutrinas concordavam, então, com o direito público daquele tempo. Napoleão Bonaparte releu durante toda a vida O Príncipe, matendo-o anotado e como livro de cabeceira. Mais tarde, fascistas, como Benito Mussolini, o consideravam um precursor do fascismo em seu país; já Antonio Gramsci, conhecido marxista, julgava suas teorias precursoras, isto sim, da necessidade de formação de um partido do proletariado. Historiador poderoso, que uniu a erudição à profundeza e a gravidade ao encanto e ao interesse das narrativas, Maquiavel ficou sendo, ao lado do ‘pai da língua italiana’ (que deriva do italiano curial, italiano das cortes), o grande Dante Alighieri, um dos mais conhecidos e maiores escritores da Itália. O seu nome passou a fazer parte da linguagem para designar estadistas de grande habilidade patriótica, atitudes ardilosas e de extrema astúcia, porém sempre impressas de uma grande inteligência no agir: isso é considerado verdadeiramente maquiavélico. O PRÍNCIPE: Tratado de política e de governo, O Príncipe, quando editado, passou a ser o código do despotismo, vade-mecum amiudamente consultado por reis e imperadores do momento, como Napoleão, por exemplo. Serviu de inspiração política para os príncipes candidatos à realeza e ao império despótico. Pela leitura desta obra-prima universal sobre a política, de ontem e de hoje, pode-se conhecer o pensar de alguns políticos de como se deve governar um país. Obra indispensável para os amantes de uma boa e agradável leitura sobre política e direitos dos cidadãos da época, que podem perfeitamente ser adaptados aos tempos que correm (poder-se-ia mesmo dizer que temos entre nós um Príncipe que nos governa com as sucessivas edições das MPs …). A Juruá Editora oferece aos seus leitores essa magnífica obra que se faz presente e atual sempre.

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