Pensar na psicose como uma posição subjetiva é o ponto de partida deste livro. Se algumas abordagens da Psicologia, da Medicina, ou mesmo das Ciências Sociais consideram a loucura, ou a psicose, como desvio, déficit, índice de perigo, fruto de determinismo genético, familiar ou social, considerá-la enquanto uma estrutura, uma posição subjetiva, uma forma de estar no mundo, carrega a possibilidade de uma postura não apenas ética frente ao sujeito psicótico, como também amplia a visão em relação ao tratamento.
Trabalhar com a psicose e a sua constituição pela via do que chamamos aqui por uma escolha subjetiva, e não como puro determinismo ou doença, tem relação com um propósito ético da Psicanálise, voltado à clínica e à prática do analista, que visa justamente a responsabilização do sujeito por seu sofrimento, seu modo de gozo e seu próprio tratamento.
Este livro pretende contribuir para que se pense melhor sobre os atos que visam culpabilizar a família, a sociedade ou a genética pela existência de sujeitos psicóticos, como também sobre a condução do tratamento desses sujeitos, seja no campo público ou privado, ou no trabalho clínico com a saúde mental.
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