Na transcrição de um texto arcaico, a diacronia na evolução de uma língua nos conduz inevitavelmente a introduzir ou suprimir certo número de palavras. A cada frase, parágrafo ou à simples palavra em si, analogias de toda sorte são exigidas, haja vista que da fonte decorrem a pesquisa das etimologias, assim como os termos de definição e os encadeamentos de sintaxe, as ligações de sinonímia e antonímia, as abreviações ou os neologismos múltiplos com que a simples lógica entrelaça as palavras – transformando a sua ortografia e o seu sentido atual.
Com efeito, distúrbios sociais com movimentação de pessoas reivindicantes de algo que lhes desperta ou lhes dá impulso para saírem às ruas, são atualmente chamados de “protestos”, “tumultos” (relativo à lei jurídica no Brasil), “passeatas”, “carreatas”, “manifestações de rua”, “revoltas populares” ou, quando envolvem a depredação de bens públicos ou privados recebem a denominação de “quebra-quebras”. Dizemos atualmente”, uma vez que independentemente da época em que estas manifestações sociais explodem, a forma, os meios e os fins permanecem inalterados, a não ser aquelas transformações causadas pelo avanço de tecnologias distintas, como as atuais redes sociais – que tomam o lugar dos encontros, dos movimentos, até mesmo dos protestos, mas que por outro lado, também os geram. Um protesto pode começar numa rede social e transformar-se numa manifestação de rua, criando uma ambiguidade a ser compreendida e enfrentada.
Por outro lado, Um motim há cem anos também nos remete ao romance, às intrigas palacianas das cortes monárquicas e imperiais, aos episódios romanescos no gênero de capa e espada, daí resultando, portanto, a intenção de manter no título original o anacrônico “motim”.
Este romance histórico trata exatamente de um movimento popular – também referido como “motim dos taberneiros” – ocorrido na cidade do Porto, Portugal, em 1757 e, ainda que tenha sido um evento localizado e de muito menor vulto, poderia ter servido como precursor da Revolução Americana iniciada em 1776 pela independência daquele país, que inspirou a ulterior Revolução Francesa, iniciada em 1789.
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