“[…] O tenente Klas, hoje em provecta idade, descreve com impecável precisão e livre de emoções o drama vivido pela F.E.B. na noite de 2 para 3 de dezembro de 1944, quando a inocente lua parecia trazer doces lembranças para os pracinhas. O palco do cenário foi uma pequena propriedade rural chamada “Casa de Guanella” – encravada no topo de uma elevação, adornada com grande estábulo e vacas leiteiras espalhadas em rala pastagem, na região de Silla, Vale do Reno. No dia anterior, após deslocar-se de distante região, em perigosa e acidentada viagem que durou oito horas, enfrentando escuridão em rampas íngremes e deslizantes, ali alojou-se, sob o comando do capitão Cotrin, a 1ª Companhia do I Batalhão do 11º Regimento de Infantaria, comandado pelo major Jacy. A troca de comando realizou-se a céu aberto, sob as lunetas do chacal. Conforme descrição do autor, em frente ao casarão, de dois pavimentes, existia apenas “um renque de árvores”. (Dois expoentes da F.E.B., o general Ítalo Conti e o coronel Percio Ferreira, em conversa informal sobre Guanella, me disseram que esse fato teve significativa importância nos infortúnios que logo seriam vivenciados pela tropa de Cotrin.) Um violento e surpreendente ataque das forças inimigas, iniciado às 23h daquele sábado, obrigou a Cia. a experimentar seu batismo de fogo no Teatro de Operações da Itália, a menos de 1 km, ao sul, do Monte Castelo. A resistência heróica durou cinco horas, operando-se em seguida fatídico recuo. O retraimento, motivado por diversos fatores humanos e materiais, foi desordenado mas absolutamente compreensível, conforme relata o tenente Klas. A liderança do capitão Cotrin – com os meios disponíveis, a serem apreciados adiante pelo leitor – não foi suficiente para evitar o pânico, a dispersão… Curiosamente, o autor deste livro, então jovem oficial da reserva e subcomandante da 1ª Cia. – que mais tarde conquistaria Montese -, não foi ouvido no processo militar, instaurado sob alegação de debandada. Ele continuaria na guerra até o seu final, no mesmo posto de subcomandante […]” José Alexandre Saraiva Advogado, jornalista e membro do Centro de Letras do Paraná
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