Neste livro o leitor é levado a refletir para além do discurso aparente comum sobre a preferência pela adoção de bebês, qual seja, “crianças maiores de dois anos não são adotadas porque não se adaptam facilmente ao novo lar, pois trazem 'vícios' e costumes oriundos de um longo período de acolhimento institucional ou de uma convivência familiar assinalada por negligência, violência física e psicológica, que dificultam, ou mesmo impossibilitam o estabelecimento de novos vínculos familiares”.
Seria esse realmente o grande ou único motivo que tem levado os adotantes a preferirem crianças menores de dois anos ou esse discurso estaria contribuindo para tornar invisível outros aspectos tão relevantes, que precisam ser debatidos e trabalhados pelas políticas públicas em defesa do direito à convivência familiar de crianças e adolescentes?
O resultado do estudo ora apresentado traz contribuições importantes para ampliar a análise crítica e o debate sobre adoção e família, o que pode provocar outras interlocuções e reflexões dos profissionais que atuam na área da infância e juventude, como juízes, promotores, psicólogos, pedagogos, assistentes sociais, além dos próprios pretendentes à adoção, contribuindo para promover diferentes possibilidades de adoção, inclusive de crianças maiores e de adolescentes.