Acredito que todo caminho é um caminho em busca de si mesmo. Sêneca já afirmava que “Para quem não sabe para aonde vai, não existe vento a favor”, e este mapa que indica-nos para aonde ir, passa, necessariamente, pelo nosso passado, pela nossa história, seja imediata, seja ancestral. E a “História é igual a um estilingue: Quanto mais para traz esticamos, mais para frente atingimos!”. Somente assim construiremos uma identidade historicamente e sociologicamente coerente. E tudo o que fizermos será a extensão desta identidade.
Mas, enquanto um ser social, não basta-nos entendermos a nossa história e seu contexto. Necessitamos dividir experiências e compartilhar sensações. Isto nos define enquanto espécie.
E é isto que o Pedro Leite faz nesta belíssima e generosa obra: Compartilhar passados, reais ou ficcionais, permitindo, assim, que cada um que leia o seu livro enxergue o seu mundo e entenda os seus paradigmas. A surpresa é enxergar que não é tão diferente do nosso próprio passado, das nossas recordações e do nosso imaginário.
Mas, o Pedro não propõe vivermos de passado (ou no passado), antes defende a necessidade que o passado faça parte do nosso futuro. Também não coloca a ficção de forma descomprometida, porém como uma provocação para a realidade que criamos a partir das nossas ações reais e cotidianas. O que é ficção o que é lembrança? Tudo é reflexão!
Carriola das Flores apresenta uma linguagem sedutora e uma abordagem prazerosa!
Lemos de um só fôlego. Vale a pena conhecer este mundo compartilhado nestas páginas.
Anthony Leahy – Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná e da Academia de Cultura de Curitiba.