“… Espera-se que tenha saído das páginas desta obra o Camilo homem de carne e osso, com todas as suas misérias e grandezas, e também o Camilo artista genuíno, que conseguia casar a paixão do homem com a boa (e hoje tão negligenciada!) arte de escrever. Fez-se uma crítica séria e tanto quanto possível imparcial (é difícil para o crítico manter-se inteiramente imparcial quando analisa a obra de um autor que o vem acompanhando por várias décadas!). Mestre Afrânio Coutinho no Hospital das Letras, de título perversamente emblemático, dizia que não há críticos nem crítica no Brasil. Coutinho foi, lui-même, um crítico excelente, mas encontrou pela frente a animosidade das “igrejinhas” literárias, dos compadrios literários e isto decerto muito o magoou, de onde o seu ceticismo. É uma pena que em o nosso País tudo se leve para o campo pessoal e tudo sirva para a descompostura mais desbragada e injusta. Evitou-se a posição pessoal neste trabalho ora apresentado. Não é demais a esperança de que uma crítica séria e culta, imparcial e humanística, que substitua a velha crítica rançosa e personalista, maledicente e superficial, ou, pior ainda, a crítica que exalta mediocridades e iconiza autores que mereciam o silêncio da pedra ou dos penhascos. Uma crítica séria foi o que se procurou fazer com a análise crítica de Eros e Thánatos no Livro de Consolação. Uma Releitura de Camilo. Que o escritor que tantos autores nossos citavam toda a vez em que buscavam defender um ponto de vista em questão de pureza e vernaculidade da língua, como então se dizia, marque encontro com novos estudiosos e que continue a despertar a mesma simpatia e admiração que despertou no passado…
Se para isso puder contribuir este ensaio monográfico, dar-se-á o Autor recompensado de seus esforços, de suas canseiras e de seus sonhos de uma nova crítica, séria e humanística”.