Apresentação do Prof. Dr. Carlos Augusto Peixoto Júnior (PUC-RIo) e o Posfácio do Prof. Dr. Eduardo Passos (UFF).
Considerando que a literatura é uma forma de resistência aos mecanismos de ordenação da linguagem intrínsecos ao seu uso dominante, este livro analisa a experiência literária e sua relação com a produção de subjetividade na escrita e na leitura. De acordo com esse ponto de vista, torna-se possível abordar a relação entre a experiência do escrever e o desaparecimento do escritor para contrapô-la à mitologia autoral. Supondo que na experiência da leitura ocorram a evanescência do leitor, o desmantelamento da obra e a morte do autor, a leitura literária se caracterizaria pelo acolhimento, pelo entendimento e pela ignorância, opondo-se a alguns modos de apreensão que partem da interpretação, da compreensão e da sapiência. Nestes termos, torna-se possível pensar a ligação entre a experiência literária e os paradoxos da linguagem, já que, dada a potência transgressiva da literatura, a subjetividade é levada a se constituir e perecer ao mesmo tempo. O trabalho também aborda os mecanismos de captura que surgem para sobrepujar estes paradoxos, restituindo identidades perdidas e restringindo sentidos através da dialetização dos elementos da experiência literária. Deste modo, observa-se uma tensão entre a natureza fugidia da literatura e os movimentos de unificação, sistematização e essencialização da obra empreendidos pela cultura, pelo mercado e pela crítica literária, assim como a possibilidade de uma crítica libertadora que não silencia a ressonância da experiência da leitura com um excesso de compreensão”.
Prof. Dr. Carlos Augusto Peixoto Júnior
Professor do Departamento de Psicologia da PUC/RJ