Fé, Razão e Revelação: Introdução ao Pensamento Cristão objetiva analisar tanto as tensões como as articulações que historicamente marcaram a relação entre a filosofia grega e a religião cristã. A filosofia se afigurou na história do cristianismo no momento em que alguns cristãos se posicionaram em relação a ela, seja para desprezá-la, seja para defendê-la, ou ainda para utilizá-la como um instrumento em defesa da fé.
O primeiro conflito de que se tem registro entre a filosofia e o cristianismo encontra-se nas epístolas de Paulo, nas quais o apóstolo assume uma atitude um tanto quanto cética em face das pretensões da sabedoria humana, a qual seria incapaz para apreender as verdades divinamente reveladas.
A Patrística, por sua vez, foi favorável à harmonia entre a filosofia e o cristianismo, o qual foi concebido como a expressão definitiva e completa da verdade que a filosofia sempre aspirou, mas que havia alcançado de maneira parcial e imperfeita. Na mesma esteira da Patrística, a Escolástica procurou demonstrar que as verdades da fé cristã não se opõem às exigências da razão, porém, sem confundir a filosofia com o cristianismo, ela colocou esses domínios numa escala hierárquica – a teologia seria superior à filosofia.
Entretanto, em oposição à Escolástica, o reformador alemão Martinho Lutero rejeitou a harmonia entre a razão e a fé, e numa atitude cética, sustentou que o pecado original destruiu a capacidade do intelecto humano de conhecer a Deus pela razão natural, por isso a base de todo o conhecimento genuíno acerca de Deus só pode derivar da revelação divina, mediante sua Palavra e seu Espírito.