Estudar o bem-estar e a felicidade nas populações pobres oferece um claro paradigma: Como é possível ser feliz sem ter as necessidades básicas resolvidas? Poderão os sem abrigo, ou outros vivendo em condições de exclusão, estarem satisfeitos com a vida, ou estarão necessariamente destinados a uma existência de miséria psicológica, imaterial, a par da pobreza material? Assumir que a pobreza nos exclui total e completamente da experiência de ser feliz pode ser uma posição de superioridade moral dos mais favorecidos. Esta obra demonstra que alinhavar teorias sobre a felicidade tem que ser feito na condição de humanidade, e, portanto, em atenção às conjunturas, ao momento histórico e à cultura envolvente. Acreditamos que o que dá sentido à vida, e o que faz a vida valer a pena, em última instância, é um domínio que merece hoje toda a atenção da ciência, nos seus intrincados meandros, e que, a par das importantes reflexões filosóficas e religiosas, a felicidade merece também ser alvo de estudos empíricos rigorosos, onde a voz das pessoas sobre a sua realidade de felicidade ou infelicidade possa ser ouvida – em especial as vozes habitualmente silenciadas. Partilha-se assim conhecimento, aumentam-se as reflexões e questionamentos, otimizando o pluralismo e as vozes – certos de que o que se faz em ciência é uma escolha moral, ao mesmo tempo em que deve ser uma aventura relacional tanto quanto intelectual.