A importância dos estudos de gênero na área da gestão no Brasil se revela pelo crescente volume de publicações desde a década de 1990. Trata-se de um campo em desenvolvimento, que tem apresentado inovações em suas pesquisas e abordagens teóricas. Nesta obra, o gênero é compreendido pelas relações socialmente atribuídas para os sexos e que mudam conforme o contexto sócio-histórico. Entende-se que as interfaces entre gênero, trabalho e gestão podem ser vistas como um espaço profícuo para se pensar as profundas desigualdades existentes na sociedade brasileira, dado que é no campo da escolha das profissões e da atuação no mercado de trabalho que as identidades são construídas, em meio ao jogo de relações de poder que define o status, o reconhecimento e a valorização social de uns em detrimento de outros.
A primeira parte do livro reúne trabalhos científicos de natureza teórica que abordam a constituição de três profissões da área da saúde (Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia), seus desafios, dilemas e processo de regulamentação no Brasil, tendo como objetivo compreender a histórica constituição de profissões femininas e a vinculação aos atributos tradicionalmente associados ao gênero masculino e feminino, que apoiam a construção de processos identitários diferenciados e influenciam as escolhas profissionais e a construção de carreira.
A segunda parte do livro conta com a participação de diversos pesquisadores brasileiros, que têm se dedicado ao tema gênero e trabalho, especialmente convidados para compor esta obra. Nos escritos são abordados: os processos de subjetivação presentes nas relações de gênero e como eles contribuem para o sofrimento ou prazer/realização; as diferentes formas de manifestações do sofrimento por homens e mulheres em cargos de gestão; o empoderamento de mulheres gestoras e o preconceito de gênero; o modelo hegemônico de maternidade e paternidade e sua relação com o discurso neoliberal; a corporeidade como construção social; a normatividade do gênero masculino presente no empreendedorismo; e a estigmatização do trabalho de mulheres inseridas em atividades socialmente marginalizadas.