Rastrear os objetos criados, destruídos e usados por Winnicott ao longo da construção de sua obra é o propósito deste livro. Aprendemos com Winnicott que toda incorporação de um saber verdadeiro acerca de nós mesmos e dos outros, qualquer conhecimento autêntico da cultura, das relações, da vida depende de um processo de recriação do mundo por meio da nossa própria imaginação. Somente isto permite-nos embarcar na aventura do pensamento com a pretensão de somar algo a mais de cem anos de ininterrupta reflexão.
O uso que Winnicott fez de seus objetos − frequentemente sem ter plena consciência disso − consistiu numa apropriação tão completa que lhe era difícil apontar, exatamente, os lugares de onde derivava o seu refinado saber. Nosso propósito, ao longo dos capítulos que compõem este volume, é justamente o de sondar essas fontes, os seus ascendentes ou ancestrais onto-epistemológicos, com a finalidade explícita de possibilitar ao leitor uma ampliação do escopo a partir do qual essa obra poderá ser apreciada na sua mais ampla dimensão.