Revelar a história de vida de Rosani – que certamente repete a de milhares de surdos, e que por longos anos teve amputado o direito de ser surda – tem como propósito desnudar os prejuízos da abordagem patológica da surdez, que subtrai o direito dos surdos de constituir uma linguagem, ainda em tenra idade, impossibilitando-os de entender e de se relacionar com o mundo, mantendo-os aprisionados, sem identidade própria, induzindo-os a imenso sofrimento.
A importância e a responsabilidade familiar, diante do filho surdo, também são discutidas neste trabalho, de modo a levar os pais a conhecer o mundo do surdo, aprender a Língua de Sinais e, por meio desta, comunicar-se fluentemente com seu filho ou filha, gozando das imensas alegrias e dificuldades que ser pai e mãe proporciona, independentemente do fato do(a) filho(a) ser surdo(a) ou ouvinte.
A leitura do presente livro é fundamental, não apenas para professores, ouvintes e surdos, como fulcral também para os pais de crianças surdas, como um instrumento que os auxilie a perceber a importância de reconhecer seus filhos como tal, e de adentrar na riqueza singular de tê-los justamente por serem surdos, buscando o encontro das diferenças. Também se entende que a leitura será profícua para os próprios surdos, como uma forma de reconhecer-se e ter orgulho da própria historicidade: marcada por luta e resiliência. Para o leitor que nunca teve contato com estes indivíduos, ou apenas teve um convívio superficial, certamente este livro vai se constituir em uma fonte reveladora, para que conheça outro parâmetro de existência para além de seu próprio universo ouvinte.
Dra. Sílvia Andreis-Witkoski