O software livre é hoje uma importante inovação tecnológica presente em todo o mundo. Ao se impor como uma alternativa à tendência hegemônica – o software proprietário – gera uma série de embates políticos, produzindo controvérsias e disputas em diversos setores sociais. As posições conflitantes, desenvolvidas num ambiente rico e diversificado, nem sempre são vencidas pela argumentação técnica especializada, confundindo-se argumentações pessoais, ideológicas, políticas e culturais.
Esta obra realiza uma análise sociotécnica das controvérsias acerca do software livre, apresentando-as como disputas políticas. Relaciona referências teóricas contemporâneas no estudo de controvérsias tecnocientíficas, buscando identificar, a partir da teoria do ator-rede [actor network-theory], as redes sociotécnicas que se formam, bem como, as motivações das disputas entre os atores (humanos e não-humanos), as causas geradores dos conflitos e o provável encaminhamento, neste setor, para um fechamento das controvérsias, sob a forma do uso de sistemas híbridos, compostos pelos dois tipos de tecnologias: livres e proprietárias. O recorte desta obra dói o universo das pequenas e médias empresas, usuárias de tecnologia de softwares e sistemas, em duas realidades socioeconômicas distintas: o Brasil e Portugal. O trabalho de investigação foi empreendido durante dois anos (2003 e 2004), sendo que as pesquisas de campo foram concentradas entre os meses de junho a outubro de 2004.