O presente livro reflete sobre as ações do sujeito, no contexto específico da criminalidade, em duas posições subjetivas distintas: a impotência devido à ausência de políticas públicas e a agressividade expressa como tentativa de elaboração da condição de violência sofrida, pois viver em condições de humilhação, privação, frustração excessiva e rejeição pode ser considerado uma espécie de travessia por experiências de cunho traumático.
Busca-se compreender a possível inversão da condição de quem viveu situações de violência, identificado como vítima, à condição de quem pratica ações violentas, identificado como agressor. O percurso investigativo foi empreendido pelas linhas tortuosas dos relatos acerca do crime e com os interrogantes formulados a partir da convocação de pensadores que se debruçaram em pensar a questão, em diferentes campos do saber científico.
Da análise das narrativas constata-se que a prática do crime, considerada a virada subjetiva da posição de vítima a agressor, pode ser a tentativa da elaboração da experiência traumática, porém inócua, pois no sistema prisional o sujeito dificilmente dispõe de meios para elaborar os efeitos do trauma.