A República Popular da China pode ser considerada na atualidade como a segunda maior economia mundial, logo após a americana, e antes da japonesa, alemã e inglesa. Estima-se que nos próximos trinta anos venha a ocupar o primeiríssimo lugar como maior centro produtor de riquezas no Planeta. Em pouco menos de cem anos, os chineses passaram da condição de país pobre e humilhado para a categoria de parceiro estratégico preferencial e incontornável no campo político e econômico.
No presente estudo será discutida a questão de como a ordem atual da China defronta-se com um delicado desafio e com um risco sério representado por tendências separatistas/ libertárias contra sua estrutura nacional de governo. A Paz Celestial de hoje, representada por um sistema institucional de origem revolucionária, tem de lutar contra desestabilizadoras forças centrífugas, da mesma forma que no século X a grande dinastia Tang ou no século XV os famosos Ming viram seus mandatos imperiais ameaçados pela dinâmica do caos em movimento. O irredentismo de algumas regiões chinesas, que será analisado neste texto, refere-se sobretudo ao Tibete, ao Xinjiang e à Mongólia Interior, “anjos rebeldes” que ousam disturbar a ordem instituída. Isso não quer dizer que apenas esses problemas afetem a estabilidade e a paz do atual sistema de poder na China. Outros fenômenos diversos de natureza política, social e econômica também manifestam-se de forma sensível e mesmo exasperada, como ficou patenteado pelos acontecimentos de abril a junho de 1989 na Praça Tiananmen, em Pequim. Torna-se curioso observar que Tiananmen significa literalmente Paz Celestial.