A França de nossos dias não conhece meio de seleção de pessoal mais legítimo que o concurso público e, desde 1958 este meio de seleção tornou-se também o meio, por excelência, de recrutamento do corpo da magistratura. Entretanto, o estado atual da sociologia deste grupo profissional não responde à questão: “como se tornar magistrado na França?” levando em conta o concurso. Muitos trabalhos foram consagrados à escolarização na ENM, bem como à socialização profissional dos magistrados.
As respostas acadêmicas explicam mais largamente os processos de seleção social. A resposta determinista explicará os processos de seleção social pelas determinações estruturais ligadas à herança de competências, vindas sobretudo da origem de classe e do percurso escolar. A resposta compreensiva explicará as competições e seleções por um tipo de “efeito-espelho” existente entre selecionadores e selecionados.
Através do uso de uma sociologia interacionista e de uma abordagem multi-metodológica, a pesquisa aqui proposta tentará valorizar a interação entre preparadores, jurados e candidatos, assim como os particulares contextos dentro dos quais se desenrolam as diferentes provas como fonte maior de uma outra resposta à questão: “como se tornar magistrado na França?”. Por enquanto, ao invés de descartá-lo, é necessário se apegar à tautologia segundo a qual “os concursos selecionam aqueles que melhor se preparam para os concursos”.