Um sujeito tem outro nome além dos que lhe foram destinados pelos seus pais ou pela linhagem a que pertence. É portador também de um nome desconhecido que lhe é mais próprio e singular, que o marca no real do corpo e fala do modo como goza das marcas dos restos vistos ou ouvidos, registradas no seu inconsciente.
Utilizando a metodologia da marca do caso, realizou-se uma leitura clínica, a partir dos pressupostos da psicanálise, dos depoimentos de um sujeito, que apresenta a peculiaridade de ancorar seu ser em suas alterações corporais, a fim de mostrar que elas são sua tentativa de resposta ao excesso traumático que foi para ele o encontro com um gozo sem ordenamento fálico. Reconhecer o nome a que responde o gozo, para saber o que fazer com ele, é essencial ao reordenamento da economia de gozo, na maioria das vezes mortificante, como no caso objeto deste estudo.
O resultado obtido aponta para questões inesperadas com as quais a clínica contemporânea tem se deparado, especialmente a das psicoses, no sentido das invenções singulares com que os sujeitos buscam se estabilizar ou construir um modo de laço social. Faz avançar o debate sobre a clínica do gozo, em jogo, nas construções de cada sujeito em particular.