Em Jurisdição e Poder – Usos Disciplinares dos Discursos do Processo Civil o autor oferece uma visão particular da jurisdição no Brasil, a partir de uma perspectiva pouco comum de estudo: a análise de discursos.
Como resultado de um profundo mergulho no vasto oceano da produção bibliográfica da hermética doutrina processual, a obra traz à tona algumas práticas discursivas utilizadas para exercer a disciplina social de uma forma velada, difusa, indireta. O caráter subconsciente desta forma de relação de poder decorre justamente de manipulações simbólicas pouco ou nunca evidentes, que o autor procura descortinar ao longo da análise dos quatro discursos tratados na obra – a saber, o da superioridade do saber científico processual, da pacificação dos conflitos pelo processo, da ampliação do acesso à Justiça e do estímulo à conciliação.
Ao longo do passeio por esses discursos, o leitor é convidado a desvelar as mensagens subliminares contidas nas diversas proposições doutrinárias estudadas, as quais num primeiro momento soam aparentemente anódinas, mas que contêm cargas de autoridade bastante expressivas.
A familiarização com o método de análise de discursos permite perceber como bem intencionados enunciados podem ocultar ordens coativas, que determinam padrões de comportamento, moldam atitudes, segregam posturas tidas por inadequadas, enfim, representam comandos emitidos no bojo de uma relação de poder.