Qual o sentido em unir poética e sexualidade?

A palavra poética foi criada como ferramenta literária-narrativa por Aristóteles, que desejava ter em mãos notas para discutir “ao vivo e em cores” poesia e arte com os alunos. Sexualidade é, por assim dizer, uma palavra novíssima: em âmbito religioso se chamava carne, no cenário da libertinagem iluminista nomeava-se à isto de “práticas sexuais”, “uso do corpo”, “experiências prazerosas”. É Foucault quem dirá que isto se tornou o objeto privilegiado de nossa obsessão curiosa, nós que criamos a scientia sexualis.

O presente Para Além do Sexo: a Sexualidade por um Enfoque Interdisciplinar, resulta de uma experiência de investigação de docentes e orientandos do Programa em Família na Sociedade Contemporânea/UCSal. No livro se vislumbram preocupações reveladoras de uma busca de sistematização para entender a complexidade do tema da sexualidade. Afinal, que realidade é essa que nos convoca, em plena era da web, a escavar sentidos mais recônditos e densos disto que de “mais úmido, quente e escuro” habita em nós? Sentidos da empreita? Cada ensaio propõe buscar em “objetos” muito específicos, a partir da experiência prática e interdisciplinar de cada autor, indicando que, nesta matéria, as abstrações esfumaçam a força da coisa. São ensaios bem pontuais, nascidos de preocupações tecidas no âmbito de investigações que roçam, aprofundam, escarafuncham isto que chamamos de sexualidade.