Em 2014, completou-se 50 anos do golpe militar que atingiu o Brasil. Diferente das intervenções militares anteriores, esta inaugurou um novo regime político que se alongou por duas décadas. Seus protagonistas, e apologistas, invocam o caráter de “Revolução”, para as oposições, tratava-se de um golpe militar que instituiu uma ditadura, acadêmicos, por seu turno, chamaram atenção para o papel desempenhado por políticos civis que apoiaram a conspiração e o golpe, tratando-o, então, como um “golpe cívico-militar”. Meio século depois de abril de 1964, o debate sobre o regime militar continua vivo na sociedade brasileira, e envolve uma memória igualmente viva e traumática, cujas ações muitos querem revelar e outros esconder. Seja como for, o papel dos historiadores não é fácil; parafraseando Palme Dutt, escrever história contemporânea é perigoso, quase como colocar o pescoço na guilhotina. Seja por ofício ou por paixão, resolvemos aceitar o desafio.
O objetivo deste livro é oferecer aos leitores uma análise ampla e sistemática da inserção internacional do Brasil durante o regime militar. Metodologicamente, os autores utilizam bibliografia consolidada e emergente, bem como ampla documentação e material de imprensa, e realizam perguntas semelhantes sobre a política externa de cada governo.
Todos os artigos procuram seguir a mesma estrutura. Inicialmente, identificam a conjuntura interna e internacional, para verificar os condicionamentos da política externa. Em seguida, realizam uma análise das orientações fundamentais da política externa de cada governo, tanto na sua singularidade, quanto nas rupturas e continuidades com os governos anteriores. Por fim, descrevem a atuação internacional do Brasil em cada governo, através de sua inserção nos contextos regional, global e multilateral.
Os Coordenadores