A sociedade contemporânea é algo bastante diferente das experiências oitocentistas que nortearam os primeiros modelos de proteção social. A afirmativa, ainda que elementar e, em certa medida, intuitiva, não parece ter sido levada em consideração pela Assembleia Nacional Constituinte em 1987/1988.
Vivemos em um novo mundo, no qual a relação de emprego tende, em futuro próximo, a deixar de ser a regra no âmbito laboral. As relações familiares são outras, as pessoas vivem cada vez mais e têm prole mais reduzida. Novos projetos de vida se tornam possíveis, e as redes de proteção social, em larga medida, permanecem com as premissas originais, seja na cobertura, limitada às necessidades sociais clássicas, seja no financiamento, com uma percepção ainda fundada na solidariedade de grupo.
O modelo bismarckiano de previdência social cumpriu seu papel, nem sempre glorioso, de atender às demandas sociais urgentes, gerindo o descontentamento social e seu potencial revolucionário, mas o esgotamento do modelo é a realidade vivenciada por todos nós. A presente obra, fruto da dissertação de mestrado do autor Fábio Luiz dos Passos, alcança o objetivo de desnudar tais realidades, apresentando elementos suficientes para que o leitor possa compreender o anacronismo do sistema vigente e, ao mesmo tempo, convencer-se da necessidade de adequações urgentes, sob pena de falência do sistema e vulneração das gerações futuras.
Fabio Zambitte Ibrahim