Qual é a relação entre o problema mente-corpo, objeto de estudo de filósofos da mente, e a psicologia? Que relevância pode haver em aproximar estas duas áreas, e que contribuições tal aproximação pode trazer para ambas? É interessante notar em qualquer reflexão sobre epistemologia da psicologia que há uma relação inegável desta ciência com o problema mente–corpo. No sentido inverso desta mesma via, é inegável que quaisquer descobertas ou constatações no campo “psi” podem trazer valiosas contribuições para o incremento dos debates filosóficos acerca das relações mente-corpo.
A presente obra é o fruto de tal aproximação, e que vem, acredita-se, em momento oportuno, quando a ciência psicológica passa por uma espécie de crise interna de seus diversos paradigmas, representados por modelos epistêmicos emprestados de outras ciências. Tais “empréstimos” concentram tentativas que vêm se sucedendo ao longo da curta história desta ciência, no ímpeto de justificar um objeto com características que o autor desta obra gosta de chamar de “inefáveis” ou “imponderáveis”. Neste processo, as divergências são tantas que chegam a comprometer o estatuto epistemológico desta bela ciência. Não terá chegado o momento de buscarmos um modelo exclusivo da psicologia, fiel à natureza de seu objeto, e amplo o bastante para abarcar todas as divergências em uma grande síntese de convergências? O tipo de reflexão contido nesta obra quer ser um primeiro passo nesta empreitada.