“A leitura de Memórias Jurídicas e Democráticas despertou-me a lembrança de um diálogo ouvido numa das audiências de instrução e julgamento de que participei por dever de ofício. Diante de uma grave revelação da testemunha, o advogado de defesa perguntou:
– O depoente tem prova disso?
A resposta da testemunha foi segura e pronta:
– Eu sou a prova. Eu vi.
Não é difícil compreender a razão que me leva a associar o episódio com a leitura deste livro. A obra de Egberto Maia Luz é uma valiosa contribuição para a História, pois nasce do testemunho pessoal de quem viveu cada momento da narrativa. A idoneidade de seu depoimento é, por si só, a prova dos fatos.
Sempre admirei o trabalho penoso e paciente dos pesquisadores que se dedicam às escavações arqueológicas ou a quaisquer outras formas de procura cuidadosa e persistente de objetos perdidos que possam ter algum valor informativo sobre o passado. Sempre me pareceu excitante decifrar os antigos documentos e de livros arcaicos escondidos em velhas bibliotecas, na tentativa, nem sempre bem-sucedida, de desvendar fatos históricos sepultados pelo tempo…
O autor não deixa de emitir sua opinião pessoal a respeito de questões polêmicas. Quando necessário, não hesita em tomar partido, defendendo abertamente suas convicções. Essa sinceridade não compromete a isenção de espírito e o respeito à verdade dos fatos. Pelo contrário, contribui de modo importante para revelar as idéias e discussões características de determinadas épocas, além de dar mais sabor e tempero ao texto.
Aliás, é isso que se espera de um relato histórico: não apenas o registro da cronologia dos fatos, mas também, a revelação das alegrias, dos ideais, das frustrações, dos desencontros e das aflições de um povo. E isso Egberto Maia Luz conseguiu fazer com maestria.”
Joaquim Macedo Bittencourt Netto